sábado, 18 de julho de 2015

RELIGIÃO CELESTIAL E RELIGIÃO INFERNAL




Como as principais religiões que existem sofreram perseguições na época da sua fundação, tornou-se comum associar Religião e perseguição. Os exemplos de que foram vítimas os adeptos, contam-se em grande quantidade na história das religiões. Entre eles, figuram casos aterradores, como a perseguição dos fariseus e a crucificação de Cristo, fundador do cristianismo, religião que predomina no mundo inteiro. No Japão, embora diferisse o grau de sofrimento, todos os religiosos também tiveram de atravessar um período espinhoso. As únicas exceções foram Sakyamuni e Shotoku, que não sofreram perseguições pelo fato de serem príncipes.
Os fundadores de religião superam os outros homens em honestidade, sendo dotados de um extraordinário sentimento de amor e caridade. São homens santos, modelados pela essência do bem, por arriscarem a própria vida na salvação dos sofredores. Entretanto, ao invés de reconhecerem devidamente o seu esforço e, agradecidos, acolherem-nos com honrarias, o governo e o povo os têm odiado como se eles fossem enviados do demônio, perseguindo-os a ponto de lhes tirarem a vida. A injustiça está mais do que evidente. Semelhante fato, à luz do raciocínio, leva-nos a considerar como demoníacos os homens que odeiam, torturam e tentam eliminar esses grandes benfeitores.
O homem, por natureza, pertence ao bem ou ao mal; não existe estado intermediário. Em outras palavras, ele está associado a Deus ou a Satanás. Assim, quem alimenta idéias ateístas e mostra-se contrário às boas ações, abomina Deus, tornando-se, evidentemente, sem o saber, um servo do demônio.
Até os fundadores de religiões hoje consideradas importantes, inicialmente foram tratados como demônios e tenazmente perseguidos. Mas, como a própria História mostra, o mal foi derrotado pelo bem. As santas palavras de Cristo, “Venci o Mundo”, encerram o mesmo sentido e são dignas de reflexão. Assim, longos anos após a morte dos seus fundadores, a maioria das religiões foram reconhecidas e tiveram suas divindades reverenciadas. Isso aconteceu devido à alegria que eles proporcionaram ao povo, com seus ensinamentos, e à notável contribuição que trouxeram ao aumento do bem-estar social.
Nenhuma religião foi devidamente reconhecida durante a existência do seu fundador, e as perseguições tornaram-se fatos comuns. Os crentes até adquiriram o hábito de se comprazer com uma vida atribulada. A leitura da história trágica dos missionários cristãos que, seguindo o exemplo do ato redentor de Cristo, enfrentaram a morte em territórios selvagens, é realmente comovedora. Nenhuma outra religião encontra-se, hoje, tão solidamente enraizada em todos os recantos do mundo como o cristianismo.

Alicerce do Paraíso. Vol.2A perseguição religiosa ocorrida no Japão e conhecida como “Conflito de Amakussa”, pode dar uma idéia da realidade mencionada acima. Foram sofrimentos inevitáveis, causados por terceiros, mas existem religiões que até procuram o martírio. O maometismo, o taoísmo, o lamaísmo e o brama¬nismo da Índia caracterizam-se pela prática de penitências e do ascetismo, considerando-os como essência da fé. Embora com alguma diferença, ocorrem fatos semelhantes entre diversas religiões tradicionais do Japão, onde continuam a existir algumas seitas que levam ao extremo o cumprimento dos mandamentos, fazem penitências e vivem à procura de aperfeiçoamentos. Como vemos, essas religiões são infernais, pois consideram o martírio um meio fundamental para polir a alma. Assim, o homem torna-se uma espécie de ser anormal, que transforma o sofrimento em prazer. Em verdade, isso acontece devido à necessidade que ele tem de suprir, com as próprias forças, a insuficiência do poder da Religião.
A Igreja Messiânica Mundial surgiu por uma necessidade imperativa, neste momento em que o mundo está repleto de re¬li¬giões de fé infernal. No que diz respeito às pregações e às ati¬vidades, a nossa Igreja difere radicalmente das outras, vindo a ser até mesmo o seu oposto. Ela repudia principalmente a penitência, considerando a vida celestial como a verdadeira for¬ma de professar a Fé. Além disso, caracteriza-se pelo seu amplo conteúdo, abrangendo Religião, Filosofia, Ciência, Arte e demais setores do conhecimento humano, sobretudo os referentes à saúde e à agricultura, que são pontos fundamentais da salvação. Tudo isso, pode-se dizer, constitui a condição fundamental para transformar o Inferno em Paraíso. E o que seria se¬não o próprio Amor Divino? Por conseguinte, as penitências constituem heresias, e a verdadeira salvação implica numa situação de vida celestial, transbordante de alegria. Quando esta situação abranger o mundo inteiro, surgirá o autêntico Paraíso Terrestre.
Nesses termos, o Paraíso Terrestre, que vem a ser a meta da nossa Igreja, inicia-se no lar. O aumento gradativo de lares celestiais chegará a transformar o mundo num paraíso. Se essa verdade fosse compreendida, ninguém deixaria de louvar a Igreja Messiânica Mundial e nela ingressar. Como os homens têm a mente afetada por conceitos materialistas e ateístas, ou por religiões de caráter limitado, perdem a oportunidade de conhecer essa alegria, por desconfianças e equívocos. Entretanto, a verdade sobre a nossa Igreja não deixará de vir à luz; estou à espera desse dia, lutando incessantemente, sob Orientação Divina.

25 de março de 1953
Alicerce do Paraíso. Vol.2

RELIGIÃO E SEITAS




As religiões estão subdivididas em seitas. O cristianismo, por exemplo, entre outras seitas, subdivide-se em catolicismo e protestantismo, que se destacam sobre as demais. Quanto ao budismo, só no Japão existe o Shingon, Jodo, Shinshu, Zen, Nitiren e outras, as quais, por sua vez, também estão subdivididas; atualmente, há cinqüenta e oito subseitas. No xintoísmo, excetuado o Shinto de Templo, há treze seitas principais: Taisha, Mitake, Fusso, Missogui, Tenri, Konko, etc.
A subdivisão das religiões parece ilógica, mas vejo o caso da seguinte maneira: será que a causa não está nos cânones? Isto porque tanto a Bíblia como os preceitos búdicos contêm muitos pontos incompreensíveis, cuja interpretação varia de pessoa para pessoa, contribuindo forçosamente para a criação de várias seitas. Quanto ao xintoísmo, não possui um fundador como o cristianismo e o budismo. Formou-se baseado nos livros clássicos, entre os quais o “Kojiki” e o “Nihon Shoki”, ou através de ensinamentos transmitidos por médiuns.
Embora as religiões citadas sejam religiões por natureza, sua subdivisão em seitas tende a ocasionar conflitos, prejudiciais à obra educacional de fraternidade, que é a missão prin¬cipal da Religião. A causa da subdivisão, sem dúvida alguma, está na dificuldade de interpretação dos ensina¬mentos. Entretanto, se a finalidade das religiões é salvar toda a humanidade, creio que tudo deveria ser claro para todos.
Para evitar tais dificuldades, pregarei a doutrina por um novo método, de modo que ela possa ser facilmente assimilada pelas pessoas. Pretendo, ainda, do ponto de vista da Religião, publicar, gradativamente, interpretações novas sobre Política, Economia, Educação, Arte, etc.


25 de janeiro de 1949

Alicerce do Paraíso. Vol.2

RELIGIÕES NOVAS E RELIGIÕES TRADICIONAIS




Quando analiso o comércio da atualidade, observo que existem dois tipos de lojas – as novas e as tradicionais. As primeiras são dinâmicas, objetivando expandir-se amplamente, mas ainda não ganharam plena confiança do povo, pois este desconhece a qualidade das suas mercadorias, não sabendo se os preços são razoáveis. Preocupadas, as pessoas compram nelas apenas a título de experiência, ou para atender às suas próprias necessidades. Entretanto, se a loja é tradicional, merece absoluta confiança dos fregueses. Para eles, sendo artigos dessa loja, por certo são bons. Ao invés de comprar na incerteza, em outros locais, preferem ir a um lugar de confiança, ainda que seja mais distante. No caso de uma compra de certo vulto, é certo dirigirem-se às lojas tradicionais, pelo nome que elas possuem, conseguido através de um longo tempo de vendas. Em face disso, as lojas novas empenham-se arduamente para atrair pelo menos algumas pessoas acostumadas a comprar nas casas tradicionais. Trata-se de uma situação que todos conhecem, e por isso dispensa maiores comentários.
Interessante é que no campo religioso ocorre o mesmo. O aparecimento de uma nova religião ainda é cercado de dificuldades maiores que o das pequenas lojas comerciais. De imediato, ela é tachada de supersticiosa e maléfica, ou até mesmo de trapaceira. É realmente cruel. Existem, sem dúvida, muitas religiões novas às quais se possam atribuir esses adjetivos, mas, de vez em quando, aparecem religiões verdadeiras. Também não podemos esquecer que todas as religiões respeitadas atualmente já foram novas; com o passar do tempo é que elas ganharam tradição. A loja nova, esforçando-se para oferecer preços e mercadorias equivalentes aos das lojas tradicionais, acaba tornando-se uma delas. Sendo assim, é errado tachar de trapaceiras e maléficas todas as religiões que surgem.
Pelos motivos expostos, creio que o primeiro dever das pessoas que criticam as religiões novas é analisá-las bastante, para poderem classificá-las de “boas” ou “más”. Só depois é que devem escrever a seu respeito.


30 de março de 1949


Alicerces doParaíso. Vol.2