Como as principais religiões que existem sofreram perseguições na época da sua fundação, tornou-se comum associar Religião e perseguição. Os exemplos de que foram vítimas os adeptos, contam-se em grande quantidade na história das religiões. Entre eles, figuram casos aterradores, como a perseguição dos fariseus e a crucificação de Cristo, fundador do cristianismo, religião que predomina no mundo inteiro. No Japão, embora diferisse o grau de sofrimento, todos os religiosos também tiveram de atravessar um período espinhoso. As únicas exceções foram Sakyamuni e Shotoku, que não sofreram perseguições pelo fato de serem príncipes.
Os fundadores de religião superam os outros homens em honestidade, sendo dotados de um extraordinário sentimento de amor e caridade. São homens santos, modelados pela essência do bem, por arriscarem a própria vida na salvação dos sofredores. Entretanto, ao invés de reconhecerem devidamente o seu esforço e, agradecidos, acolherem-nos com honrarias, o governo e o povo os têm odiado como se eles fossem enviados do demônio, perseguindo-os a ponto de lhes tirarem a vida. A injustiça está mais do que evidente. Semelhante fato, à luz do raciocínio, leva-nos a considerar como demoníacos os homens que odeiam, torturam e tentam eliminar esses grandes benfeitores.
O homem, por natureza, pertence ao bem ou ao mal; não existe estado intermediário. Em outras palavras, ele está associado a Deus ou a Satanás. Assim, quem alimenta idéias ateístas e mostra-se contrário às boas ações, abomina Deus, tornando-se, evidentemente, sem o saber, um servo do demônio.
Até os fundadores de religiões hoje consideradas importantes, inicialmente foram tratados como demônios e tenazmente perseguidos. Mas, como a própria História mostra, o mal foi derrotado pelo bem. As santas palavras de Cristo, “Venci o Mundo”, encerram o mesmo sentido e são dignas de reflexão. Assim, longos anos após a morte dos seus fundadores, a maioria das religiões foram reconhecidas e tiveram suas divindades reverenciadas. Isso aconteceu devido à alegria que eles proporcionaram ao povo, com seus ensinamentos, e à notável contribuição que trouxeram ao aumento do bem-estar social.
Nenhuma religião foi devidamente reconhecida durante a existência do seu fundador, e as perseguições tornaram-se fatos comuns. Os crentes até adquiriram o hábito de se comprazer com uma vida atribulada. A leitura da história trágica dos missionários cristãos que, seguindo o exemplo do ato redentor de Cristo, enfrentaram a morte em territórios selvagens, é realmente comovedora. Nenhuma outra religião encontra-se, hoje, tão solidamente enraizada em todos os recantos do mundo como o cristianismo.
Alicerce do Paraíso. Vol.2A perseguição religiosa ocorrida no Japão e conhecida como “Conflito de Amakussa”, pode dar uma idéia da realidade mencionada acima. Foram sofrimentos inevitáveis, causados por terceiros, mas existem religiões que até procuram o martírio. O maometismo, o taoísmo, o lamaísmo e o brama¬nismo da Índia caracterizam-se pela prática de penitências e do ascetismo, considerando-os como essência da fé. Embora com alguma diferença, ocorrem fatos semelhantes entre diversas religiões tradicionais do Japão, onde continuam a existir algumas seitas que levam ao extremo o cumprimento dos mandamentos, fazem penitências e vivem à procura de aperfeiçoamentos. Como vemos, essas religiões são infernais, pois consideram o martírio um meio fundamental para polir a alma. Assim, o homem torna-se uma espécie de ser anormal, que transforma o sofrimento em prazer. Em verdade, isso acontece devido à necessidade que ele tem de suprir, com as próprias forças, a insuficiência do poder da Religião.
A Igreja Messiânica Mundial surgiu por uma necessidade imperativa, neste momento em que o mundo está repleto de re¬li¬giões de fé infernal. No que diz respeito às pregações e às ati¬vidades, a nossa Igreja difere radicalmente das outras, vindo a ser até mesmo o seu oposto. Ela repudia principalmente a penitência, considerando a vida celestial como a verdadeira for¬ma de professar a Fé. Além disso, caracteriza-se pelo seu amplo conteúdo, abrangendo Religião, Filosofia, Ciência, Arte e demais setores do conhecimento humano, sobretudo os referentes à saúde e à agricultura, que são pontos fundamentais da salvação. Tudo isso, pode-se dizer, constitui a condição fundamental para transformar o Inferno em Paraíso. E o que seria se¬não o próprio Amor Divino? Por conseguinte, as penitências constituem heresias, e a verdadeira salvação implica numa situação de vida celestial, transbordante de alegria. Quando esta situação abranger o mundo inteiro, surgirá o autêntico Paraíso Terrestre.
Nesses termos, o Paraíso Terrestre, que vem a ser a meta da nossa Igreja, inicia-se no lar. O aumento gradativo de lares celestiais chegará a transformar o mundo num paraíso. Se essa verdade fosse compreendida, ninguém deixaria de louvar a Igreja Messiânica Mundial e nela ingressar. Como os homens têm a mente afetada por conceitos materialistas e ateístas, ou por religiões de caráter limitado, perdem a oportunidade de conhecer essa alegria, por desconfianças e equívocos. Entretanto, a verdade sobre a nossa Igreja não deixará de vir à luz; estou à espera desse dia, lutando incessantemente, sob Orientação Divina.
25 de março de 1953
Alicerce do Paraíso. Vol.2