quarta-feira, 22 de julho de 2015

"Domine o Ga"



Na vida cotidiana do homem, não há coisa mais temível que o “ga” (eu, ego). Isso pode ser bem compreendido se atentarmos pelo fato que no mundo espiritual a eliminação do “ga” é considerada o aprimoramento fundamental.

Quando eu era da Igreja Omoto(20), encotrei no “Ofudesaki” (21), as seguintes frases: “Não há coisa mais temível que o ga; até dinvindades cometeram erros por causa dele”. E támbém: “Devem ter “ga” e não devem ter “ga”; é bom que o tenham, mas não o manifeste”. Fiquei profundamente impressionado, pela perfeita explicação da verdadeira natureza do “ga” em frases tão simples. É escusado dizer que elas me induziram a uma profunda reflexão.

Havia, ainda esta frase: “Em primeiro lugar, a docilidade.” Achei-a extraordinária. Isto porque, até hoje, para aqueles que seguiram docilmente os meus conselhos, tudo correu bem, sem fracassos. Há pessoas que não são bem sucedidas por terem um “ga” muito forte. É realmente penoso ver os constantes fracassos decorrentes do “ga”.

Como foi exposto, o princípio da fé é não manifestar o “ga”, ser dócil e não mentir.

Meishu-Sama, 18 de fevereiro de 1950

(20)- Religião nova, fundada por Não Deguti

(21) – Ensinamentos escritos pela fundadora.

Não se irrite


Diz um velho ditado: “Tolerar o que é fácil está ao alcance de todos, mas a verdadeira tolerância significa tolerar o que é intolerável”. Outro ditado aconselha: “Carrega sempre contigo o saco da paciência e costura-o toda vez que ele se romper”. Encontro boas razões nesses conselhos.

As pessoas me perguntam: “Que práticas ascéticas o senhor realizou? Subiu alguma montanha para banhar-se numa cachoeira, jejuou ou fez outras penitências?” Então esclareço que jamais pratiquei tais coisas. Todas as minhas “penitên¬cias” consistiram em tolerar a tortura das dívidas e reprimir a ira. Quem ouve, fica espantado, mas é a pura verdade. Creio que Deus determinou aperfeiçoar-me mediante purificações desse tipo, pois continuamente têm aparecido fortes motivos para eu ficar irritado. Por natureza, detesto irritar-me, mas há sempre alguma coisa que me afeta nesse sentido.

Certa vez, passei por tanta vergonha devido a um desentendimento, que mal conseguia encarar as pessoas. Minha indignação atingia o auge e eu não conseguia reprimi-la. Foi quando me fizeram um convite para comparecer a uma festa. Nas circunstâncias, o convite era irrecusável. Lá, entretanto, permaneci desligado, sem poder concentrar meu espírito. Tomei até uma dose de saquê, para me descontrair. Isso demonstra como eu estava perturbado. Somente após alguns dias consegui recobrar a tranqüilidade.

Mais tarde, vim a saber que a minha ida àquela festa salvou-me de uma grande desgraça. Se não fosse a indignação daquele momento, eu não teria comparecido a ela, e teria recebido um golpe fatal. Realmente fui salvo pela ira e não pude conter minha gratidão.

Quem tem missão importante, é submetido por Deus a muitos aprimoramentos. Creio que ter de reprimir a raiva, é uma das maiores provas. Aqueles que têm muitas razões para irritar-se, devem compreender que sua missão é grandiosa. Se conseguirem resistir a todo tipo de provocação, mantendo calma absoluta, terão concluído uma etapa do seu aprimoramento. (…)

Meishu-Sama em 25 de janeiro de 1949

Extraído do Livro: Alicerce do Paraíso v. 4 (trechos)