quarta-feira, 29 de julho de 2015

ENTREGUE-SE A DEUS


Estou sempre ensinando que é preciso entregar-se a Deus. E entregar-se totalmente a Deus quer dizer não se preocupar com o que quer que venha a acontecer.

Isto, dito assim, pode parecer muito simples, mas na verdade não é nada fácil. E hoje em dia, neste mundo maligno, chega a ser quase impossível. Eu mesmo, quando alcancei um certo nível espiritual, nem sempre conseguia furtar-me completamente às preocupações, por mais que meesforçasse.

Mas aquele que conhece a Deus tem uma vantagem: quando surge algo que possa preocupá-lo, logo se lembra de entregar tudo a Deus e sente-se aliviado.

Há um ponto muito importante que geralmente passa despercebido. Do ponto de vista espiritual, o próprio pensamento da preocupação é uma espécie de apego, ou seja, o apego à preocupação. Este apego à preocupação constitui um empecilho, pois exerce má influência sobre tudo.

O mesmo ocorre com o Johrei. Quando se quer curar um doente a todo custo, a recuperação é difícil. Mas quando o Johrei é ministrado com despreocupação e o próprio doente se dispõe apenas a tentar, sem saber se irá ou não curar-se, o efeito é geralmente rápido e inesperado.

Há também casos em que a moléstia se agrava cada vez mais, embora o paciente deseje ardentemente a cura e os parentes queiram salvá-lo a todo custo. Mas quando se resignam e perdem as esperanças, o enfermo começa a melhorar rapidamente e se salva.

Por esses exemplos, devemos saber que quando as coisas não correm bem, a causa, na maioria das vezes, está no apego. Como sempre digo, é preciso ter em mira o efeito oposto. É a ironia das ironias, mas é a pura verdade.

SABOR DA FÉ


Cada coisa tem seu sabor. A matéria, o homem, a vida cotidiana com suas múltiplas facetas, tudo, enfim, tem um sabor peculiar. Se excluirmos da vida o sabor, ela perderá sua atração e o homem não terá mais vontade de viver.

No campo religiosos também existem religiões que tem sabor e as que não o tem. Pode parecer estranho, mas há religiões que despertam verdadeiro pavor. Nelas os adeptos vivem sob o constante temor das divindades, aprisionados pelos dogmas, não gozam da menor liberdade. A esse tipo de Fé, eu denomino de "Fé Infernal".

O objetivo da Fé é alegrar a vida, dar-lhe tranquilidade e permitir que se desfrute o sabor de viver.

Então as coisas da natureza se transfiguram: as flores, o vento, a lua, o cântico dos pássaros, a beleza das águas e das montanhas passam a ser vistos como dádivas de Deus para alegria das criaturas. E passamos a agradecer os alimentos, o vestuário e a casa em que vivemos, considerando-os como bênçãos, e a simpatizar com todos os seres, mesmo os irracionais e os inanimados. Sentimos que até o pequenino verme da terra se acha próximo de nós...É o estado de êxtase.

A religião deve levar o homem à despreocupação, que é o estado ideal. Se ele enfrenta um problema, que aprenda a deixá-lo nas mãos de Deus, tão logo sejam aplicados os recursos humanos para a sua solução. Eu procedo assim: aquilo que me parece difícil e incompreensível, remeto aos cuidados do Altíssimo - e dou tempo ao tempo.

Numerosas experiências minhas demonstraram que tal prática dá resultados. Mais ainda: eles ultrapassam todos os desejos formulados. Por isso, quando surge algo desagradável, confiando em Deus, eu logo admito que é prenúncio de bons acontecimentos. Acho interessante quando compreendo, depois, que o mal aparente determinou a vinda do bem. Então as preocupações se tornam ridículas, sinto-me grato e percebo que minha vida é um contínuo milagre...

Eis o que chamo de maravilhoso Sabor da Fé.

Ensinamento de Meishu-Sama

25 de janeiro de 1949