Se atentarmos para a preferência que as pessoas demonstram pelos maus divertimentos, veremos que a palavra “divertimento”, para muitos, é quase sinônimo de “mal”.
Quando alcança estabilidade financeira, a maioria dos chefes de família passa a freqüentar lugares suspeitos e a sustentar amantes. As despesas que isso acarreta são pagas, geralmente, com dinheiro ganho de forma ilícita. Obviamente, essas práticas se enquadram no mal. Tais indivíduos, a par dos riscos que correm nos ambientes freqüentados, perdem a tranqüilidade no lar, causam preocupação aos familiares e não vivem felizes. Julgam que êxito e divertimento são o objetivo da vida na Terra e aos poucos se afundam num inferno. Quase sempre pertencem à classe acima da média e são considerados pelos mais humildes como protótipos de vida ideal; são invejados pelos que se iludem com as aparências. Isto gera uma legião de imitadores, e assim a sociedade se afunda cada vez mais.
Fazem-se comentários sobre o lucro ilícito dos funcionários venais, a ganância excessiva dos assalariados desonestos e a renda fraudulenta dos políticos. Contam-se pelos dedos os que não têm de que se envergonhar perante a Terra e o Céu. Os fatos mostram que os bons vivem humildemente, enquanto que os perversos, se são audaciosos, triunfam e ostentam padrões luxuosos de vida. Esta é a origem do conhecido ditado: “O homem honesto sempre sai perdendo”.
Meu propósito é orientar o homem da atualidade sobre a apreciação das virtudes. Concretamente, virtude significa não freqüentar locais suspeitos, investir fundos em prol da comunidade, ajudar os pobres, servir às boas causas e professar a Fé. Também significa divertir-se na companhia dos familiares, assistindo a sadios espetáculos cinematográficos e teatrais e participando de excursões e viagens. Tal modo de vida une os membros da família: a esposa respeita o marido e lhe agradece os cuidados; os filhos são resguardados do mau caminho; a preocupação financeira diminui; preserva-se a higiene e estimula-se a saúde. São estas coisas que asseguram vida longa, dias alegres e boa disposição de espírito.
O famoso milionário Kihatiro Okura, da Era Meiji, afirmou: “Se quiserem ter vida longa, não façam dívidas”. É algo que eu também recomendo, pois, durante vinte anos, as dívidas foram motivo de grande sofrimento para mim.
Há homens que ferem a lei, realizam negócios obscuros, ocultam atividades que eventualmente podem indispô-los com suas esposas, devem a agiotas e por isso vivem num angustioso clima de incertezas. Como fuga, buscam alívio na bebida. Eis por que é enorme o consumo de bebidas alcoólicas, não obstante seu alto preço. Ora, tudo isso afeta a saúde e encurta a vida, que se torna uma escravidão sob o jogo dos vícios, do qual é difícil a pessoa se libertar. A única saída é seguir uma verdadeira Religião.
Dei, acima, vários exemplos do bem e do mal. Quem aprecia o vício? Meus leitores, entre o vício e a virtude, qual escolher? Peço que reflitam.
25 de janeiro de 1949
Retirado do livro "Alicerce do Paraíso".